sábado, 13 de outubro de 2012

Historia da Etiópia (Prólogo)

História da Etiópia

A história da Etiópia está documentada como uma das mais antigas do mundo. Segundo descobertas recentes, a espécie Homo sapiens seria originária dessa região e daí se teria espalhado pelo mundo.



Junto com os países vizinhos de Eritréia, Sudão, Djibouti, Somália e Somalilândia, esta região hospedou também o reino de Axum. A origem de Axum, por sua vez, remonta ao reino de Sabá (ou Shebah), no Iêmen, referido na Bíblia, que, por volta do ano 1000 a.C., se estendia, aparentemente, por todo o Corno de África e por parte da Península Arábica.
Pré-história
A Etiópia é considerada uma das áreas mais antigas de ocupação humana do mundo, senão a maior, de acordo com algumas descobertas científicas. Lucy, descoberta no no Vale de Awash da região Afar da Etiópia, é considerado o segundo mais antigo, mais bem preservado e mais completo fóssil adulto Australopithecus. A espécie de Lucy é chamada de Australopithecus afarensis, que significa 'macaco do sul de Afar', região da Etiópia onde a descoberta foi feita. É estimado que Lucy tenha vivido na Etiópia a 3,2 milhões de anos atrás.Houve várias outras desobertas notáveis de fósseis no país, incluindo o fóssil humano mais velho, Ardi.
Por volta do século VIII a.C., um reino conhecido como Dʿmt foi estabelecido ao norte da Etiópia e Eritreia, com sua capital em Yeha, norte etíope. Muitos historiadores modernos consideram esta civilização nativa da África, embora influenciada pelos sabeus, por causa de sua tardia hegemonia do Mar Vermelho,enquanto outros consideram os Dʿmt como o resultado de uma mistura dos sabeus e populações indígenas.No entanto, ge'ez, a língua semítica mais antiga da Etiópia, é agora considerada não sendo derivada dos sabeus (também semitas do sul). Há evidências da presença de povos semíticos na Etiópia e na Eritreia pelo menos no início de 2 000 a.C..A influência sabeia é agora considerada por ter sido menor, limitada a poucas localidades, e desaparecendo após poucas décadas ou um século, talvez representando uma colônia comercial ou militar em algum tipo de simbiose ou aliança militar com a civilização etíope de Dʿmt.
Após a queda dos Dʿmt no século IV a.C., o planalto veio a ser dominado por reinos sucessores menores, até a ascensão de um desses reinos durante o século I a.C., o Império Aksumite, ancestral da Etiópia moderna e medieval, que era capaz de reunir a área.Eles estabeleceram bases nas terras altas do norte do Planalto Etíope e de lá, expandiram-se em direção ao sul. A figura religiosa persa Maniqueu listou Aksum junto a Roma, Pérsia, e China como uma das quatro grandes potências de seu tempo.
Desde aproximadamente o século IV a.C. os gregos chamavam de "Etiópia" a todos os países com população de raça negra, sem distinguir reinos nem países. Portanto, a Etiópia, segundo os gregos poderia ser a Núbia do sul de Egito e Sudão, ou poderia ser o reino de Axum, que se concentrava nos arrededores da Eritréia e ao norte da própria Etiópia, mas não há certeza histórica sobre isso.

Fontes gregas referem que o reino de Axum era extremamente rico no século I e a cidade de Adulis (que fica no país vizinho da Eritréia) é frequentemente mencionada como um dos mais importantes portos de África. Documentos oficiais, contudo, colocam a cidade de Aksum como a capital onde se encontrava a corte da Rainha de Sabá. Esse reino tinha, no século II, direito de receber tributos de estados da Península Arábica e tinha inclusivamente conquistado o reino meroítico de Kush, no actual Sudão.
Há indicações do carácter cosmopolita desse reino, com populações judaicas, núbias, cristãs e mesmo minorias budistas.

Século X

No século X, o reino de Axum escassamente tinha acesso ao mar, sendo isolado pelas forças árabes islâmicas. Os árabes chamavam o país empobrecido e desintegrado de "Al-Habashat", que significa povo mestiçado (entre negros e árabes), e é por esse nome que a Etiópia ainda é chamada na língua árabe. "Habesh" ou "Habesha" é uma palavra usada com freqüência mesmo na Etiópia, para distinguir as pessoas cristãs do norte do país.

Esse termo deu origem ao uso do nome Abissínia pelos europeus. Abissínia era uma região no norte da Etiópia moderna que era unida por uma cultura, uma família lingüistica, uma religião (cristianismo ortodoxo) e uma raça mestiçada que consistia de vários reinos rivais, unidos e divididos por diferentes períodos da história. Isolados do mar, os reinos da Abissínia começaram a sua expansão para sul, colonizando o interior da região inteira, enquanto os povos do litoral estavam sob a influência dos povos islâmicos.

A moderna Etiópia

O país moderno da Etiópia foi criado no final do século XIX pela rápida expansão territorial promovida pelos reis de Abissínia, com o apoio militar das potências coloniais européias. Esse apoio, principalmente de Portugal, foi decisivo desde o século XVI para evitar a invasão muçulmana da região.

A Inglaterra utilizou os reinos de Abissínia como fonte de mercenários contra as forças muçulmanos na região, enquanto a França construía um caminho de ferro desde sua colônia portuária no Djibouti até a capital de Abissínia, Adis Abeba, para penetrar o mercado do interior do continente. Nenhuma das potências coloniais da Europa, além da Itália, tentou colonizar o país, pois, à época, era uma das regiões mais pobres e menos atrativas para colonizar, por sua topografia de difícil acesso, que não favorecia a construção de infraestruturas modernas. A Itália, sendo um dos últimos países a entrar na era do colonialismo, ficou com o que ainda estava disponível para ser colonizado. A Itália tentou invadir a Abissínia desde a Eritréia em 1896 mas não conseguiu. No início do século XX, a Abissínia foi reconhecida como o reino independente da Etiópia e foi convidada para a Conferência de Berlim, na qual as potências coloniais decidiram a partilha da África.

O Império Etíope

A seguir à Primeira Guerra Mundial, a Abissínia, na forma de Império Etíope e governada pelo imperador Hailé Selassié, integrou a Liga das Nações, e apenas perdeu a sua independência entre 1936 e 1941, quando o exército de Benito Mussolini invadiu–a dando início a segunda guerra ítalo-etíope. A Itália possuía duas pequenas colónias no Corno de África, a Eritreia e a Somalilândia, e tinha vontade de se tornar um império, aliando-se à Alemanha Nazi – mas o negus recuperou-a, com auxílio da Grã-Bretanha (onde se tinha refugiado) e da África do Sul e começou a modernizar o país. Apesar de a Etiópia nunca ter sido colonizada pelo expansionismo europeu, ela mesma foi, na sua época de ouro, colonialista e expansionista, pois colonizou grandes territórios na região no final do século XIX, que nunca haviam pertencido nem desejaram pertencer à Etiópia e que estão ainda lutando pela sua independência.

Entre 1987 e 1991 o estado etíope foi uma república comunista com o nome de República Democrática Popular da Etiópia.

A independência da Eritreia

Em 1961 começava a luta pela independência da Eritréia (ocupada pela Etiópia). Em 1963 Etiópia participou na fundação da Organização da Unidade Africana, que colocou a sua sede em Adis Abeba. Em 1974, o imperador foi deposto num golpe militar, liderado por Mengistu Haile Mariam, mas o governo despótico que se seguiu, de carácter marxista e dirigido por um comando militar, o Derg, não conseguiu, nem desenvolver, nem estabilizar politicamente o país e em 1991, este governo foi deposto por um movimento de guerrilha duma minoria étnica do norte do país, FLPT (Frente pela Liberação do Povo de Tigray) ou popularmente chamado "Weyane". Os FLPT apenas representam 5% do povo da Etiópia mas foram comandados por um meio-eritreu, Meles Zenawi e apoiados pelos independentistas eritreus do FLPE, Frente pela Liberação do Povo Eritreu.

Como Presidente interino e Primeiro Ministro, cargo que ocupa até hoje, Zenawi consentiu, sob pressão dos eritreus, com a independência da Eritréia da Etiópia em 1993, pondo momentaneamente fim a cerca de 30 anos de guerra. Uma Assembleia Constitutiva foi construida pelo FLPT em 1994, no ano seguinte, foi proclamada a República Federal Democrática da Etiópia. Os resultados das eleições gerais desse ano foram rejeitados por todos os observadores internacionais por violações graves dos direitos humanos e democráticos, mas mesmo assim Meles Zenawi proclamou-se Primeiro Ministro.

Em 1997 a Eritreia introduziu a sua própria moeda corrente, a Nakfa, separando a sua economia da Birr etíope. O conflito de fronteiras começou em Maio de 1998 com o assassinato de oficiais eritreus na aldeia de Badme por militares etíopes que ocupavam a zona. A Eritreia retomou a zona e a Etiópia declarou a guerra pouco depois, iniciando uma guerra aberta por cinco frentes ao longo da toda a fronteira e com bombardeamentos aéreos sobre a capital da Eritréia. Eritréia respondeu e a guerra continuou até o dia 17 de Maio (o dia das eleições na Etiópia) quando o governo etiope lançou uma grande ofensiva ocupando um quarto do território eritreu e refugiando um terço do povo, plantando minas nas terras mais férteis da Eritréia e causando o equivalente a 850 milhões de dólares de destruição à infraestrutura da Eritréia.

Meles Zenawi proclamou que ganhara as eleições da Etiópia, e tinha proibido desta vez a presença de observadores internacionais. A guerra terminou com mais de 100 000 mortos em 2000 depois da intervenção da ONU pondo uma zona desmilitarizada de 25 km ao longo do lado eritreu da fronteira com 4500 capacetes azuis da ONU. Em Abril de 2002, o Tribunal Internacional de Justiça na Haia acabou com o trabalho de delinear a fronteira entre os dois países, pondo a aldeia disputada de Badme na Eritréia e obrigando a Etiópia a compensar a Eritréia pela destruição que causou durante a sua invasão. A Eritréia aceitou a decisão, a Etiópia rejeitou-a e a ameaça de guerra ainda persiste.

Nota: Nosso blog ao longo da existência ira postar varios artigos mais detalhados sobre os inumeros impérios da Etiópia em ordem cronológicae etc.
Fonte: Templo de Almaqah.

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